O REI MORREU! VIVAM OS REGICIDAS!

Hoje estivemos a celebrar os 100 anos do assassinato, não do rei, mas dos regicidas que o mataram. Claro que a policia de faxina não nos permitiu uma estada muito duradoura no local de festejos, mas foi o suficiente para agredir o bom tom em que as festas, de um rei com propensão para nomear ditadores como João Franco ou Hintz Ribeiro, se realizavam.

É de assinalar que hoje como no dia do enterro dos corpos destes Carbonários Anarquistas vilmente assassinados pelo Guarda Monarquica várias mãos voltaram a florir as suas campas.

Panfleto distribuído durante a acção.

 

O REI MORREU! VIVAM OS REGICIDAS!

Alfredo Costa e Manuel Buiça

 
 
«Sou pelas greves como sou por todos os métodos de resistência utilizados pelos fracos, pelos oprimidos,
em defesa dos seus legítimos interesses (…). O meu ódio maior, a minha mais viva repulsa, dirigem-se aos
patrões burgueses que nos exploram e que sem altivez servimos.»
Alfredo Costa, segundo Aquilino Ribeiro (Um Escritor Confessa-se, Lisboa, 1974, p. 361)

«A elaboração do regicídio operou-se fora da nossa presença [dos republicanos] e sem a nossa cumplicidade
(…). Não foi pois a revolução que o matou [D.Carlos], mas sim a anarquia.»
João Chagas, político republicano (Subsídios Críticos para a História da Ditadura, Lisboa, 1908, pp. 8-11)

Celebramos, no dia 1 de Fevereiro de 2008, o centenário de um acto glorioso de emancipação social
como sempre é a execução de um rei. Os regicidas que, em 1908, levaram a cabo o bem sucedido atentado contra
o rei e o príncipe herdeiro -, Alfredo Luís Pereira da Costa, ex-administrador do semanário sindicalista da
sua classe profissional, «O Caixeiro», e Manuel dos Reis Buíça, professor do ensino livre -, eram homens
de uma consciência social profunda, que os levou a sacrificar a sua vida pela concretização dos seus
ideais de liberdade e igualdade social.

Para muitos, como Buíça e Costa, a República surgia como uma possibilidade de realizar as aspirações por
um mundo livre e igual. Seria também uma forma de acabar com a repressão que pendia sobre o crescente
movimento operário e libertário, acabando com as famigeradas leis anti-anarquistas e com as prisões e
deportações para África e Timor, de onde poucos voltavam.

Mas as esperanças do povo que saiu à rua para implantar a República, em 5 de Outubro de 1910, foram
frustradas, quando, instalados no poder, os republicanos se converteram em opressores tão ou ainda
mais ferozes que os monárquicos. Por isso, o movimento operário, anarco-sindicalista, cresceu a partir de
1911 contra a República, enfrentando a sua repressão.

Hoje, como nestes tempos, os governantes, qualquer que seja a sua cor política, servem sempre os seus
interesses e os da máquina capitalista. Só a luta autónoma, auto-organizada e directa pela recuperação
do controlo sobre as nossas vidas, pode surtir algum efeito contra aqueles que nos oprimem e exploram todos
os dias.

HOJE COMO ONTEM, GUERRA A TODOS OS QUE NOS OPRIMEM,
MONÁRQUICOS OU REPUBLICANOS, FASCISTAS OU DEMOCRATAS!

@s amig@s de Costa e Buíça